Tartarugas resgatadas em Parintins dispensam ração e “exigem” alimentação especial durante reabilitação

 

Tartarugas no tanque em reabilitação - Foto: +AMZ


Depois de serem encontradas escondidas e empilhadas em péssimas condições no porão de uma embarcação no Porto de Parintins na última quarta-feira (24), tartarugas-da-Amazônia (Podocnemis expansa) recebem cuidados especiais enquanto aguardam o retorno à natureza. Após o resgate, 47 tartarugas sobreviventes do comércio ilegal foram transferidas para espaços adaptados com tanques de água na Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente de Parintins (Sedema) e na antiga sede da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), onde permanecem em processo de reabilitação.

 

Uma equipe formada por profissionais da Ufam, Ifam, Sedema, Marinha do Brasil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros integra a força-tarefa responsável pelos cuidados com os animais.

 

As tartarugas recebem atenção especial, principalmente em relação à alimentação. A dieta inclui vegetais, tubérculos e até murerus, planta aquática que faz parte do cardápio da espécie na natureza.


Mureru, planta aquática típica da região amazônica - Foto: +AMZ


“Nesses espaços, elas estão sendo hidratadas e bem alimentadas. Inicialmente oferecemos ração, mas elas não gostaram muito. Então passamos a oferecer vegetais como feijão-de-corda, couve, abóbora e repolho. Na próxima semana, elas estarão prontas para serem devolvidas à natureza”, explicou o professor Paulo Oliveira, especialista em quelônios e coordenador do Projeto Pé-de-Pincha na região de Parintins.

 

Segundo os pesquisadores, 50 tartarugas foram apreendidas no carregamento interceptado no porto da cidade. Três delas não resistiram. Após o processo de identificação, foi constatado que os animais têm, em média, entre 30 e 35 kg. Das 47 sobreviventes, apenas uma é macho; as demais são fêmeas e estão próximas do período de desova, o que exige cuidados redobrados.

 

Órgãos ambientais e pesquisadores realizam os cuidados com os animais - Foto: +AMZ

“Importante esclarecer que os três animais que morreram, dois estão sob responsabilidade da Ufam, congelados para realização de estudos; um foi enterrado para futura retirada da carapaça, que será usada em ações de educação ambiental. Assim, até os que morreram terão uma utilidade nesse trabalho”, destacou o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente de Parintins, Wescley Tavares.

 

Retorno à natureza

Enquanto as tartarugas seguem em reabilitação, os órgãos envolvidos finalizam o planejamento da operação de soltura, que deve ocorrer nesta terça-feira (30). O planejamento considerou as condições ideais e de segurança dos animais.

“Estamos ajustando a logística e alinhando com os pesquisadores o melhor local para soltura, que precisa oferecer condições adequadas e segurança contra predadores humanos”, pontuou o secretário Wescley Tavares.

 

Foto: +AMZ

As tartarugas-da-Amazônia permaneceram por muitos anos na lista de espécies ameaçadas de extinção. Com o trabalho de proteção realizado por agentes do Projeto Pé-de-Pincha e ribeirinhos da região, a espécie conseguiu sair dessa lista. Agora, as sobreviventes de Parintins se tornam símbolo da luta contra o comércio ilegal e da importância da preservação da biodiversidade amazônica.

 

“É importante mostrar à comunidade de Parintins a necessidade de preservar esses animais, que estão desaparecendo das nossas praias. Aqui tínhamos um tabuleiro na Vila Nova, próximo à Ilha das Onças, no meio do Rio Amazonas, mas muitas tartarugas que desovavam nesse local já migraram para áreas mais protegidas. Por isso, é fundamental proteger a maior tartaruga de água doce da América Latina, que está sumindo dos nossos rios”, enfatizou Paulo Oliveira.


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