Carregamentos de tartarugas apreendidos em Parintins foram comprados pela mesma pessoa, aponta investigação

 

Foto: Sedema

As investigações da Polícia Civil e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente de Parintins (Sedema) concluíram que os dois carregamentos ilegais de tartarugas apreendidos na cidade nas últimas semanas foram adquiridos pelo mesmo comprador, identificado como Netonias da Silva, de 49 anos. Ele já acumula aproximadamente R$ 310 mil em multas por crimes ambientais.

 

A identificação do proprietário do carregamento ilegal com 12 tartarugas, apreendido na noite do último domingo (5), foi obtida após depoimento do piloto do triciclo motorizado que transportava os animais. À Polícia Civil, o motorista relatou que a carga seria levada para a residência de Netonias da Silva, o mesmo comprador do carregamento com 50 tartarugas apreendido no dia 24 de setembro, no Porto de Parintins.

 

Conforme a Sedema, os fiscais ambientais lavraram uma nova multa que, somada às penalidades aplicadas na primeira apreensão, totaliza R$ 310 mil. O transportador da carga também foi multado e responderá por crime ambiental.

 

Foto: Sedema

“É uma pessoa que segue praticando crimes ambientais aqui no município. Se essas tartarugas estão vindo para cá, é porque há quem compre esses animais. Alertamos que quem compra e transporta animais silvestres poderá ser penalizado. É importante conscientizar a população sobre o consumo ilegal desses animais, especialmente os quelônios, que estão em período de reprodução”, afirmou o secretário de Meio Ambiente de Parintins, Wescley Tavares.

 

Leis brandas e impunidade

Enquanto na esfera administrativa as punições afetam duramente o bolso, na esfera criminal os agentes de crimes ambientais não sofrem grandes consequências. No caso de Netonias, por exemplo, ele não corre risco de ser preso e deve permanecer em liberdade. Na 3ª Delegacia Interativa de Polícia de Parintins (3ª DIP), apenas um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) foi registrado contra ele.

 

Tartarugas passando pelo processo de biometria após apreensão - Foto: Sedema

“Administrativamente, as leis impõem uma pena pecuniária relativamente alta. Já criminalmente, a pena é considerada branda. É importante ressaltar que toda lei é feita de forma progressiva, ou seja, a partir do momento em que a pessoa tem a primeira condenação por um crime e continua cometendo novos delitos, a pena vai aumentando. Acredito que é necessário sofrer as primeiras condenações para sentir o impacto das sanções. Mas, pelo fato de sermos amazônidas, com certeza nossa principal ação para combater esse tipo de crime ambiental é focar na educação ambiental, visando uma sociedade mais consciente da necessidade de preservação”, explicou o advogado Erick Ferreira, que atua na área de direito ambiental.

 

Volta à natureza

Dois dias após o resgate, as 10 tartarugas-da-Amazônia sobreviventes da apreensão realizada no último domingo foram soltas nesta terça-feira pelas equipes da Sedema. O local de soltura não foi revelado para evitar novas capturas ilegais. Todas as tartarugas eram fêmeas e estavam ovadas.


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