Eleição do Povo Sateré-Mawé impõe derrota histórica ao grupo de Mecias Batista

 

Foto: CGTSM

A 29ª Assembleia do Conselho Geral do Povo Sateré-Mawé (CGTSM) definiu a nova diretoria do órgão, que é a principal instância de representação política e social do povo Sateré-Mawé, o maior grupo indígena da região do Baixo Amazonas. Abias Pereira Gastão foi escolhido como presidente, tendo Valmor Miquiles como vice-presidente. O evento reuniu lideranças das aldeias que compõem a Terra Indígena Andirá-Marau.

Reginaldo Sateré integra a diretoria como secretário-geral. Além disso, foram definidos os responsáveis pelas secretarias setoriais, tesouraria e áreas estratégicas como saúde, educação, cultura, comércio justo e comunicação.

Durante a plenária, foi oficializado o afastamento de Erivelton Oliveira, ex-secretário-geral, deposto há dois meses por suspeitas de irregularidades. As lideranças presentes reafirmaram a autonomia da organização e repudiaram tentativas externas de interferência política, especialmente aquelas associadas ao ex-prefeito de Barreirinha (AM), Mecias Batista.


Foto: +AMZ


Duro golpe em Mecias

De acordo com lideranças indígenas, a mudança na direção do CGTSM aponta para o enfraquecimento da influência de Mecias Batista sobre o povo Sateré-Mawé. Mecias voltou à cena política da região e atua como principal conselheiro e articulador de Mecias Jr., seu filho e atual coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena de Parintins (DSEI-Parintins).

Em 2023, Mecias Pereira Batista foi condenado pela Justiça a seis anos, sete meses e 28 dias de prisão em regime semiaberto domiciliar, por crime de responsabilidade no uso de recursos públicos enquanto esteve à frente da Prefeitura de Barreirinha. Entre as irregularidades identificadas estão:

  •  Utilização de dinheiro da prefeitura para comprar passagens aéreas para familiares e terceiros que não faziam parte do quadro de servidores públicos;
  •  Os beneficiados incluíam filhos, netos e até um ex-secretário que já havia sido exonerado e estava em campanha como candidato a deputado estadual;
  •  As passagens foram adquiridas em uma empresa de Parintins, sem qualquer vínculo oficial com atividades da administração municipal;
  •  A Justiça considerou que a conduta violou o princípio da impessoalidade e subverteu o sentido da administração pública republicana.

Além da pena de prisão, Mecias Batista foi inabilitado para exercer cargos públicos, eletivos ou por nomeação, como parte da sentença.


Foto: CGTSM


Compromisso com os direitos e territórios da nova diretoria do CGTSM

A nova gestão do CGTSM inicia seu mandato com o compromisso de fortalecer as pautas do povo Sateré-Mawé, promovendo a defesa de seus direitos, territórios e modos de vida tradicionais. A assembleia reforçou o papel da organização como guardiã da soberania indígena e da luta por justiça social.

Segundo a nova diretoria, a mudança marca um novo ciclo de liderança e reafirma a força da mobilização coletiva do povo Sateré-Mawé na luta pela autodeterminação.

 


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